Finalmente tive tempo para escrever aqui, depois que minha semana tensa passou pude enfim respirar e contemplar o nascer do sol mais lindo que já vi. Cheguei cedo, por volta das 6 da manhã, e uma chuva peneirava sobre a cidade (ainda há resquícios machadianos em minha memória, né Sr. Brás Cubas?!) e o sol nascia como se estivesse dizendo “seja muito bem vinda à sua cidade”.
Fui preparada para relembrar, reviver, reatar, renascer, e assim aconteceu. Pensei que não sabia mais me virar no meio daqueles números, placas, direções e pessoas, mas vi que ainda sei, e muito bem. Fui feliz ao encontrar boas almas que me ajudaram, mas o que mais me chamou a atenção foi que o cenário era o mesmo, mas os protagonistas haviam mudado.
A mesma rua, o mesmo local, as
mesmas pessoas convivendo com algumas novatas, mas em outro contexto,
totalmente fora do meu. Ainda bem que eu estava preparada. Os amigos hoje são
namorados, os namorados são casados, os firmes já não estão tão firmes assim, os
desviados não são mais os mesmos, a menina que sofria com a família – pai, mãe
e irmãs – hoje sofre com a sua família – marido, filho e filha – e como se não
bastasse tanta mudança, os estudantes que antes estavam aflitos para o
vestibular contam como a correria entre trabalho e mestrado cansa. O tempo
passa, e esse final de semana eu tive só mais uma prova disso. As amizades não são
as mesmas, a falta do convívio esfriou
algumas, mas firmou outras.
Os olhos encheram de lágrimas, por alguns momentos
me lembrei de como chorei ‘naquela época’, de como aquelas pessoas foram
fundamentais e de uma importância suprema em minha vida, e hoje percebi, que
talvez elas foram importantes pra mim como deveriam ser, e eu fui apenas mais uma
que passou por lá durante um tempo. E por incrível que pareça eu fiquei feliz,
sim, feliz. Feliz em saber que eu pude contar com cada uma delas quando mais
precisei, mesmo sem que elas percebessem, a companhia, as festinhas, os ensaios
foram a minha terapia em meio aos problemas da época, e se hoje eu me vi fora
de tudo aquilo é porque sei que meu contexto é outro, em outro lugar, com
outras pessoas.
Tive certeza de que tudo acontece exatamente como tem que
acontecer e o que me deixou mais feliz ainda foi saber que depois de tantos anos
eu voltei, mas voltei não para pedir e chorar como fazia, e sim para agradecer;
as lágrimas verteram, mas dessa vez foram lágrimas de alegria por saber que eu
estava no mesmo lugar, mas com um coração curado e preenchido pelo amor
incondicional e sublime de DEUS, e isso não tem explicação. Conforme o tempo
passa a gente aprende a tirar proveito do que é bom, do que foi bom e do que há de
ser melhor ainda, mas aprende também que ninguém é insubstituível e por mais
que isso doa, é preciso saber lidar com
esse fato. Hoje só tenho a agradecer e fico feliz de poder dizer: Sim, valeu a
pena.
PS: Londrina está ainda mais bonita do que antes.
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